- Em bate-papo ontem, Rosiska Darcy e Sebastião Salgado falaram sobre o afastamento da humanidade em relação à natureza e da necessidade urgente de uma reconexão com as outras espécies e com o planeta.
- O debate Hora da Natureza: Reflexões sobre o Amanhã, que teve mediação de Fábio Scarano, ficará disponível nos canais do Museu do Amanhã e do Programa de Meio Ambiente da ONU no Youtube.
Brasília, 5 de junho de 2020 - Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente, data que simboliza a oportunidade de repensarmos a nossa relação com a natureza. Com este objetivo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) se uniu ao Museu do Amanhã para promover encontros virtuais repletos de ideias, trocas e inspirações. Às 17 horas, o cantor e ativista ambiental Lenine tocará os clássicos de sua carreira. Em clima intimista, Lenine irá intercalar músicas e conversas com o curador do Museu do Amanhã, Luiz Alberto Oliveira, abordando questões como a importância de Arte & Ciência em tempos de coronavírus, e a possível relação, para ele, da criação musical e da criação de orquídeas.
Botânico autodidata, colecionador de orquídeas (ou "orquidoido", como prefere) e apoiador engajado de grupos socioambientais, Lenine conta que transformou a música em uma ferramenta de conscientização para causas que defende.
"O meu fazer música sempre esteve atrelado ao desejo de ser repórter do meu tempo. As questões que me comovem e que me incomodam sempre foram a matéria do que componho e canto. O meio ambiente sempre esteve presente nas minhas atenções.”
Para aquecer as reflexões do Dia Mundial do Meio Ambiente, PNUMA e Museu do Amanhã reuniram ontem, 4 de junho, Rosiska Darcy, Sebastião Salgado e Fábio Scarano em uma conversa de alto nível sobre meio ambiente, ser humano e os futuros possíveis que desejamos construir. Durante o bate-papo “Hora da Natureza: reflexões sobre o amanhã”, o fotógrafo iniciou com uma fala contundente sobre a relação da humanidade com a natureza e pediu um “retorno espiritual ao planeta”.
“A história da humanidade é uma história de predação. Urbanizamos quase todas as cidades, mas chegamos no ponto máximo, um ponto de quase não-retorno. Nos transformados em aliens no nosso planeta, e hoje um vírus, um microorganismo, se transformou numa potência colossal. Precisamos agora fazer um esforço muito grande para retornar ao planeta, porque ele não é mais capaz de aguentar nosso alto nível de consumo”, conclamou Salgado.
Rosiska Darcy lembrou que a noção de sustentabilidade e de que os recursos da natureza não são renováveis “jamais entraram no espírito das pessoas” e no nosso estilo de vida. Ela apontou como um dos sintomas dessa afirmação a relação que criamos com o nosso tempo.
“O tempo é recurso não renovável e que nem homem mais rico do mundo não compra, porque a morte não vende. Tratamos o tempo como se fosse possível viver em múltiplas vidas, que não cabem nas 24 horas do dia, que extrapolam o amanhã e que são, por essa impossibilidade, fonte terrível de estresse e depressão. Ora, insistimos em viver vidas insustentáveis. Com a pandemia, a máquina do mundo parou, o vírus pôs a humanidade em carne viva e a flecha do tempo se inverteu.”
Os dois apontaram que a alternativa para a humanidade é agir para preservar a natureza, restabelecendo o diálogo entre as pessoas, o cuidado com as espécies e com as comunidades. Professor de Ecologia da UFRJ, Fábio Scarano ressaltou a importância da combinação entre a regeneração da natureza com a própria regeneração da humanidade, o que a crise do coronavírus vem para corroborar. “A crise da biodiversidade provocada pelas mudanças climáticas veio ao encontro de uma crise humanitária e sanitária que impõe para todos o surgimento de um novo normal, no qual precisamos nos reconectar com a natureza.”
Em um contexto de pandemia global, que reafirmou a interdependência entre saúde humana e saúde do planeta, e tendo quase um milhão de espécies ameaçadas de extinção, é hora de refletir sobre o que nos trouxe até aqui e de agir pela natureza, defende a Representante do PNUMA, Denise Hamú.
“Estamos vivendo uma crise sem precedentes, em todas as dimensões. Temos que fazer diferente como indivíduos e realizar muito mais como sociedades. Fenômenos recentes têm nos alertado para a profunda interdependência de todos os seres na teia da vida. Nós, humanos, sofremos cada vez mais diretamente as consequências da destruição de habitats, que ultrapassam fronteiras físicas e políticas, por exemplo. A natureza está nos mandando uma mensagem. Por isso, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o PNUMA convida cada pessoa a reiniciar sua relação com a natureza e refletir sobre como podemos, como indivíduos e como sociedade, reconstruir um mundo diferente no pós-pandemia”, reflete Hamú.
Para Ricardo Piquet, diretor-presidente do IDG, instituto que faz a gestão do Museu do Amanhã, a maneira como a humanidade tem avançado sobre os recursos naturais é uma das causas para a emergência dessa nova pandemia. “Essa crise nos trouxe muitos desafios e um deles é reforçar a importância de agirmos para evitar as consequências das mudanças climáticas no planeta. Portanto, devemos refletir sobre como estamos lidamos com o meio ambiente e aproveitar a oportunidade para transformarmos a nossa forma de viver, de consumir e passar a respeitar os limites da natureza”, defende Piquet.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é a principal data das Nações Unidas para impulsionar a sensibilização e encorajar ações em todo o planeta em prol da proteção ambiental, incentivando governos, empresas, organizações e indivíduos a concentrarem seus esforços em uma questão ambiental premente. Em 2020, o tema é biodiversidade e a Colômbia, em parceria com a Alemanha, é o país anfitrião. Devido à pandemia de COVID-19, toda a programação será realizada virtualmente. Para saber mais, acesso o site do Dia Mundial do Meio Ambiente 2020 aqui.
MAIS INFORMAÇÕES
O quê: Papo Musical Lenine
Onde: You Tube do Museu do Amanhã e do PNUMA
Quando: 5 de junho
Hora: 17:00
Sobre o PNUMA
O PNUMA é a principal voz global em temas ambientais. Ele promove liderança e encoraja parcerias para cuidar do meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.
Acesse o site do PNUMA aqui.
Sobre o Museu do Amanhã
O Museu do Amanhã é um museu de ciências aplicadas que explora as oportunidades e os desafios que a humanidade terá de enfrentar nas próximas décadas a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. Inaugurado em dezembro de 2015 pela Prefeitura do Rio, o Museu do Amanhã é um equipamento cultural da Secretaria Municipal de Cultura, que opera sob gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Exemplo bem-sucedido de parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o Museu do Amanhã já recebeu mais de 4 milhões de visitantes desde a inauguração. Tendo como patrocinador máster o Banco Santander, a Shell como mantenedora e uma ampla rede de patrocinadores que inclui empresas como IBM, Engie , Lojas Americanas, Grupo Globo e Renner, o museu foi originalmente concebido pela Fundação Roberto Marinho.
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Roberta Zandonai, Gerente de Comunicação Institucional, PNUMA, roberta.zandonai@un.org
Cláudia Lamego, Assessora de Comunicação, IDG/Museu do Amanhã, claudia.lamego@idg.org.br