Foto: Daniela Borges
25 Jan 2022 Reportagem Cidades

PNUMA e parceiros visitam ações de restauração do projeto CITinova no Distrito Federal

Foto: Daniela Borges

Representantes da Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal (SEMA-DF), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) acompanharam de perto exemplos de boas práticas de restauração no Distrito Federal em uma visita de campo ao Projeto CITinova, realizada na última terça-feira, dia 18.

Em Brasília, as atividades executadas pelo CITinova promovem boas práticas de restauração dos ecossistemas nativos em 80 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) de nascentes, áreas de recarga hídrica e outras APPs degradadas ou alteradas nas Bacias dos rios Descoberto e Paranoá, visando à manutenção e à recuperação de seus aquíferos.

Além disso, também promovem experiências de Sistemas Agroflorestais nas áreas preservadas, e remediação da contaminação do solo e da água em um antigo lixão a céu aberto, localizado nas proximidades do Parque nacional de Brasília, e que já foi considerado o maior da América Latina.

A coordenadora do CITinova na Sema, Nazaré Soares, destacou a importância da visita. “Foi uma iniciativa positiva, porque mostramos aos nossos parceiros que não acompanham os projetos da Sema tão de perto, como o MCTI e o PNUMA, como as iniciativas estão impactando positivamente a vida das famílias atendidas”, afirmou.

A visita foi iniciada em Brazlândia, em visita a uma experiência de Sistemas Agroflorestais (SAFs) mecanizado, e se estendeu às iniciativas do projeto CITinova no antigo “Lixão da Estrutural”, onde são feitas ações de diagnóstico de contaminação do solo e da água, e implementação de tecnologias para remediação de áreas contaminadas.

Desde 2018, o projeto reúne esforços multilaterais para a promoção da sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado. Coordenado nacionalmente pelo MCTI, o CITinova conta com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). No DF, as ações são executadas pela Sema, com o apoio do PNUMA e do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

Segurança hídrica e alimentar

A agricultora Ilnéia Alves Rocha Barros compartilhou durante a visita suas experiências sobre recomposição vegetal de nascentes em APPs, na área comunitária do assentamento Gabriela Monteiro, no Núcleo Alexandre de Gusmão, em Brazlândia. Na região, está localizado o córrego do Rodeador, que alimenta a Bacia do Rio Descoberto, responsável pelo abastecimento de 60% da população de Brasília.

Ilnéia, acompanhada do Marido Claudinor e da filha Adriana, explicou os impactos das ações que vem sendo desenvolvidas desde 2019 no assentamento, no âmbito do CITinova. Com a recuperação de áreas de proteção ambiental degradadas e de nascentes, foi implementada uma experiência de SAFs mecanizados no local.

Foto: Daniela Borges

“Quando conquistamos essa terra, aqui não nascia nada, a terra estava arenosa. Esse projeto foi bom porque estamos começando a dar vida à terra”, explica Barros. A agricultora relembra a falta de água com a crise hídrica acentuada entre os anos de 2016 e 2017 no Distrito Federal, e comemora os sinais de mudança. “Agora a água está voltando com a recuperação do solo e a agrofloresta ajudando a proteger e produzindo comida”, afirmou. A filha Adriana reforça que as famílias envolvidas no programa “estão produzindo água”.

A exemplo de outras áreas incluídas no programa, foram realizadas o diagnóstico da área em conjunto com os agricultores, além de análise de histórico de plantios, as preferências de espécies a serem plantadas pela família e suas perspectivas quanto à comercialização de produtos vindo dos SAFs.

Na parcela de terras da família Barros foram plantadas 667 mudas, dentre espécies variadas, com foco em frutíferas, considerando o interesse da família em beneficiar produtos para comercialização. Ao todo, o assentamento Gabriela Monteiro, que possui 18 dos 56 hectares de área de Reserva Legal contínua, recebeu o plantio de 2.438 mudas de espécies nativas do cerrado.

“Ecossistemas mais saudáveis, com maior riqueza na biodiversidade, produzem mais benefícios, maior produtividade e maiores estoques de carbono. É importante lembrar que todos os tipos de ecossistemas podem ser restaurados, em florestas, terras agrícolas e até nas cidades. Além disso, as iniciativas de restauração podem partir de qualquer pessoa, de comunidades e indivíduos a governos e empresas”, explica Regina Cavini, representante adjunta do PNUMA.

Remediação da contaminação

Foto: SEMA-DF

Outra iniciativa do projeto CITinova que também fez parte do roteiro da visita foi a remediação do antigo “Lixão da Estrutural”. O aterro a céu aberto está localizado a apenas meio quilômetro da área de preservação do Parque Nacional de Brasília, e já foi considerado o maior da América Latina.

A iniciativa abrangeu a consolidação do planejamento do diagnóstico da contaminação e a implantação de projetos pilotos para testar tecnologias inovadoras de remediação para áreas contaminadas. No local, já foram implantadas ações de fitorremediação exitosas e técnicas de sucessos utilizadas em situações similares para a descontaminação do solo com a utilização de espécies nativas e exóticas.

Também foram instalados poços de monitoramento de água superficial e subterrânea, realizadas análises do solo e dos resíduos sólidos depositados e elaboração de mapas temáticos.