Credit: AFP/Rodger Bosch
20 Jan 2025 Technical Highlight Climate Action

PNUMA e Itália ampliam esforços para aproveitar a digitalização para avanços ambientais e humanitários

Credit: AFP/Rodger Bosch

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Agência Internacional de Energia (AIE), com o apoio do governo italiano, lançaram hoje a fase II de uma iniciativa bem-sucedida para digitalizar os sistemas de energia e reduzir seu impacto climático. O esforço se concentrará na África e ampliará seu escopo para apoiar a eficiência de recursos na agricultura. 

A primeira fase da Iniciativa de Redes Elétricas Orientadas pela Demanda (Demand-Driven Electricity Networks Initiative ou 3DEN) foi lançada em 2021 para difundir o uso de tecnologias inteligentes que otimizam o uso de energia, economizando energia e dinheiro e evitando emissões de gases de efeito estufa. Durante esta fase, o Ministério do Meio Ambiente e Segurança Energética da Itália, em colaboração com o PNUMA, apoiou projetos-piloto no Brasil, Colômbia, Índia e Marrocos. Essas iniciativas demonstraram modelos inovadores, proporcionando benefícios tangíveis a dezenas de milhares de consumidores. A Itália contribuiu com 20 milhões de euros para a iniciativa 3DEN desde 2020. A segunda fase busca financiar projetos que acelerem a digitalização da agricultura e das redes urbanas de energia, começando com sete nações africanas – Etiópia, Quênia, Marrocos, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Tunísia – e Brasil. Os projetos abordarão os desafios de infraestrutura, melhorarão a alfabetização digital e garantirão acesso acessível a ferramentas digitais. 

"A ação para lidar com o aquecimento global e seus impactos não é suficientemente forte ou rápida", disse Dechen Tsering, diretor interino da Divisão de Clima do PNUMA. "Reduzir as emissões do setor de energia é crucial para recuperar o atraso e proteger as pessoas e o planeta, e é por isso que o 3DEN pode fazer uma diferença real." 

"Tecnologias inteligentes permitem maior eficiência nos sistemas de energia e facilitam a integração de fontes renováveis nas redes, que pode fornecer energia a milhões de pessoas sem aumentar as emissões", acrescentou Tsering. "O PNUMA agradece à Itália por seu apoio e espera proporcionar um impacto mais forte na segunda fase, inclusive apoiando os agricultores africanos a cultivar mais com menos recursos." 

"Com o lançamento da segunda fase da iniciativa 3DEN, a Itália reafirma seu compromisso inabalável de promover soluções inovadoras, inclusivas e sustentáveis para a transição energética", afirmou Alessandro Guerri, Diretor Geral de Assuntos Europeus e Internacionais e Finanças Sustentáveis do Ministério do Meio Ambiente e Segurança Energética da Itália. "Este esforço é fortalecido pela colaboração fundamental da Agência Internacional de Energia e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cuja experiência e liderança desempenham um papel crucial na definição de estratégias globais." 

"Guiados por nosso Plano Mattei, priorizamos a colaboração, a digitalização e o investimento de várias partes interessadas para enfrentar os desafios duplos das mudanças climáticas e do acesso à energia, particularmente para as regiões mais vulneráveis do mundo", acrescentou Guerri. "Esta iniciativa ressalta a dedicação da Itália em promover sistemas de energia limpa e resilientes, ao mesmo tempo construindo um futuro sustentável para todos." 

Por que a digitalização importa 

O setor de energia é o maior contribuinte individual às emissões de dióxido de carbono em um momento em qual as emissões de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas quase pela metade até 2030 para entrar no caminho certo para manter o aquecimento global em 1,5°C, conforme o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. 

Ao mesmo tempo, 675 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade e 2,3 bilhões ainda cozinham e aquecem com lenha, carvão e outros combustíveis prejudiciais à saúde. Resolver essa questão de desigualdade, pobreza e saúde exigirá nova capacidade de energia e expansão da infraestrutura. 

Com a demanda por eletricidade aumentando, a digitalização pode ajudar a reduzir emissões de gases de efeito estufa, permitindo o gerenciamento preciso dos sistemas de energia em setores como agricultura e indústria. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a digitalização poderia reduzir o consumo global de energia somente em edifícios em até 10% até 2040. 

Redes inteligentes, monitoramento em tempo real e análise de dados também facilitam a integração de energia renovável nas redes, ajudando as autoridades a antecipar e responder a interrupções relacionadas ao clima, aumentando a resiliência e a adaptabilidade do sistema. 

As abordagens digitais podem ser aplicadas a outros setores para evitar o desperdício de recursos naturais, como água e terra, por que a fase II do projeto está expandindo além dos sistemas puramente energéticos. 

Digitalização de sistemas urbanos de energia 

Sistemas de energia urbana são um dos focos da fase II, pois cidades na África enfrentam desafios únicos, incluindo rápida urbanização e crescimento populacional, infraestrutura envelhecida e acesso limitado a energia confiável. 

Algumas das aplicações potenciais para digitalização em sistemas urbanos de energia incluem:   

  • Integração de rede inteligente: Ao adotar tecnologias de rede inteligente, cidades podem reduzir interrupções de energia, otimizar o balanceamento de carga e gerenciar melhor a distribuição de eletricidade.  

  • Sistemas de resposta à demanda: A comunicação em tempo real entre concessionárias e consumidores permite a redução de carga de pico e a conservação de energia.   

  • Gestão de recursos de energia distribuída: A integração de fontes renováveis, como solar e eólica, nas redes urbanas pode ajudar a reduzir a dependência em combustíveis fósseis, apoiando um futuro energético mais limpo e sustentável. 

Financiamento de projetos-piloto agrícolas 

Fase II também apoiará a implementação de inovações que constroem resiliência e lucratividade no setor agrícola, permitindo que agricultores e agronegócios tomem decisões informadas e baseadas em dados e minimizem o uso de recursos naturais valiosos. 

Exemplos do tipo de tecnologias que a 3DEN está procurando apoiar são:   

  • Agricultura de precisão: Ao usar sensores e análise de dados, os agricultores podem otimizar o rendimento das colheitas e reduzir o uso de recursos, minimizando o desperdício de insumos como água e fertilizantes.   

  • Irrigação inteligente: Os sistemas de irrigação digital podem ajustar os níveis de água com base em dados em tempo real, ajudando a conservar água, um recurso crucial em muitas regiões africanas.   

  • Mercados digitais e blockchain: As plataformas digitais fornecem aos agricultores melhor acesso ao mercado e transparência de preços. A tecnologia Blockchain, por exemplo, pode oferecer rastreabilidade, aprimorando os padrões de qualidade e segurança em toda a cadeia de suprimentos. 

Conquistas da Fase I 

Os projetos da Fase I revelaram informações valiosas e demonstraram benefícios em confiabilidade, economia de custos e impacto ambiental.   

  • Na Índia, um consórcio desenvolveu um gêmeo digital para redes de distribuição elétrica em parceria com a Panitek Power e o Instituto de Energia e Recursos (Energy and Resources Institute). Essa ferramenta aumentou a confiabilidade operacional, melhorou o gerenciamento de interrupções e reduziu custos para 20.000 consumidores.   

  • No Brasil, o projeto piloto capacitou os moradores em habitação social usando ferramentas digitais inteligentes para gerenciar seu consumo de energia, reduzindo custos e desperdício de energia.    

  • No Marrocos, o projeto apoiou Águas Minerais de Oulmès (Les Eaux Minérales d'Oulmès) na implementação de sistemas avançados de monitoramento de energia, reduzindo o consumo de energia em 25%.   

  • Na Colômbia, o projeto Enelflex envolveu mais de 100.000 usuários em uma iniciativa de resposta à demanda, reduzindo interrupções de energia e emissões. 

Sobre a Chamada de Propostas 3DEN 

Candidatos podem apresentar um projeto com um valor máximo de US$ 2.000.000, excluindo cofinanciamento. Os projetos-piloto devem ser implementados dentro de um prazo de 24 meses e ter um mínimo de 30% de cofinanciamento. As candidaturas devem ser submetidas eletronicamente por e-mail, garantindo que a submissão é feita antes do prazo de 23 de maio de 2025. Para mais informações, clique aqui. 

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)   

O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Ele fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a melhorar sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.