02 Apr 2020 Reportagem Nature Action

Coronavírus, lideranças religiosas e desenvolvimento sustentável

“O coronavírus virou o mundo de cabeça para baixo. Países, sociedades, famílias e indivíduos estão sendo afetados de diversas maneiras. Em meio à crise global que estamos vivendo, acreditamos que essa é a hora de inovar, encontrando novas e melhores maneiras para enfrentar os desafios que estão surgindo”.

“Precisamos de novos caminhos para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, de uma forma que não danifique o meio ambiente, do qual todos dependemos para sobreviver”.

“Parcerias inovadoras com líderes religiosos são uma ideia para realizarmos a Agenda 2030. Ao integrarmos lideranças religiosas, sociedade civil, agências governamentais, órgãos das Nações Unidas, instituições acadêmicas e setor privado, poderemos colocar em ação o Objetivo Global 17 (Parcerias)”.

É o que diz Josephine Sundqvist, gerente especialista de programas da Agência Sueca de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e coordenadora global da conferência digital Pessoas e Planeta – Fé na Agenda 2030 (People and Planet - Faith in the Agenda 2030, em inglês).

Em todo o mundo, milhões de pessoas estão em quarentena, confinadas e isoladas. Muitas delas não conseguiram estar com suas famílias. Ao mesmo tempo, milhares de igrejas, mesquitas e outros locais de culto estão fechados, com as cerimônias religiosas e orações sendo transmitidas por plataformas digitais.

Recentemente, um evento global abordou essa realidade, trazendo discussões sobre a pandemia de coronavírus, a mudança climática, a perda de biodiversidade e o papel dos portadores de deveres morais, como os líderes religiosos e os grupos indígenas.

Organizada pela Agência Sueca de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e pela Iniciativa Fé pela Terra do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e em estreita colaboração com o Instituto Internacional de Águas de Estocolmo (Stockholm International Water Institute, em inglês) e a Agência Sueca de Proteção Ambiental, a reunião contou com 200 participantes de países como Bósnia, Herzegovina, Indonésia, Jordânia, Quênia, África do Sul e Suécia em uma conferência totalmente digital que aconteceu de 16 a 18 de março de 2020.

A Iniciativa Fé pela Terra é uma aliança global que destaca a necessidade de colaboração inter-religiosa para enfrentar a crise ambiental.

“A pandemia do coronavírus está envolvendo corações e mentes”, disse o diretor da Fé pela Terra, Iyad Abumoghli. "Estamos mobilizando jovens, líderes religiosos, cientistas e teólogos para trabalharem juntos por mudanças inovadoras que acelerem o desenvolvimento sustentável".

À medida que a população mundial se aproxima de 10 bilhões de pessoas e as mudanças climáticas tornam os padrões climáticos mais imprevisíveis, o acesso à água potável, que é essencial para a manutenção de nossas vidas e para evitarmos problemas de saúde – lavando as mãos, por exemplo – está se tornando uma questão fundamental.

"Foram criados grupos com líderes religiosos e agências de água para lidar com a questão da escassez. Nossa parceria com a Fé pela Terra e a Agência Sueca de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento forneceu uma excelente plataforma para refletir o valor da água em sistemas de gerenciamento maiores", disse a Diretora do Instituto Internacional de Águas de Estocolmo, Katarina Veem.

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Transmissão ao vivo da floresta local, conectando a paisagem e a Mãe Natureza à plataforma global de diálogo digital Pessoas e Planeta, de 16 a 18 de março de 2020. Foto da Agência Sueca de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento

 

A conferência incluiu sessões inspiradoras entre países para discutir questões ambientais comuns, com foco em temas como escassez de água, desmatamento e liderança jovem, além de um café global onde participantes individuais compartilharam suas experiências.

"Precisamos trabalhar colaborativamente com as religiões para enfrentarmos os desafios em todo o mundo", disse o Secretário Geral da Religions for Peace, Azza Karam.

Um dos temas da conferência foi educação. “Com metade de todas as instituições educacionais sendo gerenciadas por organizações religiosas, há grandes oportunidades de colaboração com os jovens para alcançarmos o desenvolvimento sustentável”, diz Abumoghli.

O evento também pediu a transformação de nossos sistemas educacionais para enfatizar o pensamento crítico e o compartilhamento de conhecimentos, bem como formas inovadoras de trabalhar. Tais transformações podem ainda estar ocorrendo, pois a resposta à pandemia significou um grande número de aulas suspensas ou on-line para estudantes de todas as idades.

“Já tivemos muitos eventos isolados – de conferências a workshops. O que precisamos agora é de verdadeiras mudanças estruturais para que nossos eventos se encaixem no cenário geral, garantindo a propriedade local e nacional. É por isso que estamos trabalhando com lideranças religiosas, organizações não governamentais, instituições acadêmicas, governos e com o setor privado”, diz Sundqvist.

 

Para imprensa, por favor entre em contato:

Roberta Zandonai, Gerente de Comunicação Institucional, PNUMA, roberta.zandonai@un.org

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