O mundo gerou cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos no ano passado. Essa enxurrada de garrafas de água e frascos de shampoo, recipientes, camisas de poliéster, tubulações de PVC e outros produtos plásticos é parte integrante de uma crise de poluição plástica que, segundo especialistas, está devastando ecossistemas, expondo pessoas a poluentes potencialmente nocivos e fomentando as mudanças climáticas.
"A poluição plástica é uma das ameaças ambientais mais graves que a Terra enfrenta, mas é um problema que podemos resolver", disse Elisa Tonda, chefe da Seção de Recursos e Mercados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). "Fazer isso poderia não apenas melhorar o bem-estar das pessoas e do planeta, mas também desbloquear uma série de oportunidades econômicas."
Países ao redor do mundo estão negociando um acordo internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição plástica. Nesse contexto, o Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano se concentrará em maneiras de evitar que os resíduos plásticos escapem para o meio ambiente, na redução da poluição causada por produtos plásticos descartáveis e no redesenho de produtos plásticos para que tenham maior duração.
Antes do Dia Mundial do Meio Ambiente, apresentamos uma análise detalhada sobre a poluição plástica, as suas causas e o que pode ser feito para combater este problema.
1. Quanto plástico existe por aí?
Muito. Hoje, os plásticos são uma parte importante do mundo moderno, usados em tudo, desde peças de automóveis a dispositivos médicos. Desde a década de 1950, pesquisadores estimam que a humanidade produziu 9,2 bilhões de toneladas de material, cerca de 7 bilhões de toneladas das quais se tornaram resíduos.
2. Quais tipos de plásticos são os mais problemáticos?
Uma das principais fontes de poluição plástica são os produtos plásticos descartáveis, que não circulam na economia, sobrecarregando os sistemas de resíduos e entrando no meio ambiente. Alguns dos produtos plásticos descartáveis mais comuns são garrafas de água, recipientes, sacolas, talheres descartáveis, sacolas para o congelador e espuma de embalagem.
![]() | ![]() | ![]() |
![]() | ![]() | ![]() |
3. Onde encontramos poluição plástica?
Em quase todos os lugares. Está em lagos, rios e no oceano. Pelas ruas da cidade e pelos campos dos agricultores. Está abarrotando lixões. Está acumulando nos desertos e infiltrando o gelo marinho. Os pesquisadores até encontraram detritos de plástico no Monte Everest e na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra.
4. Por que a poluição plástica é um problema?
Existem três grandes razões.
Primeiro, a poluição plástica pode causar devastação nos ecossistemas. Um estudo descobriu que pequenas partículas de plástico podem retardar o crescimento de uma alga marinha microscópica conhecida como fitoplâncton, que é a base de várias teias alimentares aquáticas. Além disso, os peixes costumam comer produtos plásticos por engano, enchendo seus estômagos com cacos indigestos que os fazem morrer de fome.
Segundo, o plástico geralmente se decompõe em pequenos fragmentos – conhecidos como microplásticos e nanoplásticos – que podem se acumular no corpo humano. Microplásticos foram encontrados em fígados, testículos e até leite materno. Um estudo descobriu que, em média, um litro de água engarrafada contém cerca de 240.000 microplásticos.
A terceira razão é que o plástico ao longo de seu ciclo de vida também contribui para as mudanças climáticas. A produção de plástico – um processo que consome muita energia – foi responsável por mais de 3% das emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta em 2020, estimam pesquisadores.
5. O que os microplásticos fazem aos humanos?
Ainda não sabemos. Mas, por causa da quantidade alarmante de microplásticos que estamos ingerindo, pesquisadores estão trabalhando incansavelmente para descobrir.
6. A reciclagem sozinha pode acabar com a crise da poluição plástica?
Não. Apenas cerca de 9% dos plásticos são realmente reciclados, de acordo com um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Existem várias razões para isso. Muitos produtos plásticos não são projetados para serem reutilizados e reciclados. Alguns são muito frágeis para serem reciclados, enquanto outros só podem ser reciclados uma ou duas vezes. Muitos países carecem de infraestrutura para coletar e reciclar resíduos plásticos. Mas o que talvez seja o maior problema: os sistemas de reciclagem não conseguem acompanhar a explosão de resíduos plásticos. A produção global de plástico dobrou entre 2000 e 2019.
7. Então, como o mundo pode combater a poluição plástica?
Precisamos pensar grande. Isso significa olhar além da reciclagem e encontrar maneiras de limitar os problemas ambientais e de saúde causados pela poluição plástica. Isso significa olhar para todas as fases da vida dos produtos, desde sua produção, design e consumo até seu descarte. Isso é conhecido como abordagem do ciclo de vida. Em termos práticos, isso significa reduzir nossa dependência de produtos plásticos descartáveis. Significa redesenhar os produtos plásticos para que durem mais, sejam menos perigosos e possam ser reutilizados e, finalmente, reciclados. Significa encontrar alternativas aos plásticos em uma variedade de produtos. E isso significa evitar que os plásticos entrem no meio ambiente.
8. Tudo isso parece caro e difícil. É?
Não necessariamente. Governos, corporações, grupos sem fins lucrativos e pessoas em todo o mundo já estão lançando soluções inovadoras para acabar com a poluição plástica. E há pesquisas que sugerem que uma abordagem do ciclo de vida pode economizar US$ 4,5 trilhões em custos sociais e ambientais até 2040.
"Precisamos parar de pensar em soluções para a poluição plástica como uma despesa", disse Tonda. "São investimentos em sociedades saudáveis e em um planeta saudável - coisas que pagariam dividendos para as próximas gerações."
9. O que o mundo está fazendo sobre a poluição plástica?
Muitos países estão enfrentando a poluição em nível nacional com leis destinadas a restringir o uso de produtos plásticos descartáveis e obrigar os fabricantes de plástico a assumir a responsabilidade de longo prazo por seus produtos. No entanto, como a poluição plástica é um problema transfronteiriço, a cooperação internacional é fundamental. É por isso que as nações estão agora negociando um tratado global para acabar com a poluição plástica. O Comitê Intergovernamental de Negociação sobre Poluição Plástica (Intergovernmental Negotiating Committee) – encarregado com o desenvolvimento do acordo – se reunirá para a segunda parte de sua quinta sessão de 5 a 14 de agosto de 2025 em Genebra, Suíça. As negociações, dizem os especialistas, são um reconhecimento dos líderes mundiais sobre a gravidade da crise da poluição plástica e da necessidade de um acordo juridicamente vinculativo para enfrentá-la.
10. Por que há tanta urgência em vencer a poluição plástica?
Sem ação decisiva, o problema da poluição plástica só vai piorar. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico prevê que, até 2060, os resíduos plásticos quase triplicarão para um bilhão de toneladas por ano. Se as tendências atuais continuarem, isso levará a um aumento na poluição plástica, com quase metade dos resíduos plásticos recém-gerados depositados em aterros, incinerados ou perdidos no meio ambiente.
O trabalho do PNUMA é possível graças aos Estados-Membros que contribuem para o Fundo para o Meio Ambiente, o principal fundo do PNUMA que viabiliza seu corpo global de trabalho. Saiba como apoiar o PNUMA a investir nas pessoas e no planeta.
Dia Mundial do Meio Ambiente
O Dia Mundial do Meio Ambiente, observado em 5 de junho, é a principal data internacional para o meio ambiente. Liderado pelo PNUMA e realizado anualmente desde 1973, o evento cresceu e se tornou a maior plataforma global de divulgação ambiental, com milhões de pessoas de todo o mundo engajadas para proteger o planeta. Este ano, o Dia Mundial do Meio Ambiente se junta à campanha #CombataAPoluiçãoPlástica liderada pelo PNUMA para acabar com a poluição plástica.
Sobre #CombataAPoluiçãoPlástica
Desde 2018, a campanha de #CombataAPoluiçãoPlástica liderada pelo PNUMA defende uma transição justa, coletiva e global para um mundo livre de poluição plástica.
Nota do editor: Este artigo foi atualizado em 6 de maio de 2025. Uma versão anterior comparou o peso dos resíduos plásticos que a humanidade gerou em 2024 com o da Torre Eiffel.