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04 Apr 2022 Speech Climate Action

Meias medidas não reduzirão emissões pela metade

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Speech delivered by: Inger Andersen
For: Press conference to launch the Policymakers Summary of the Working Group III contribution to the 6th Assessment Report of the IPCC: ‘Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change’

Abdalah Mokssit, Secretário do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

Prof. Hoesung Lee, Presidente, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

Co-Presidências, Vice-Presidências, integrantes da comunidade científica e da mídia

 

Este, o terceiro relatório do IPCC elaborado durante o atual ciclo de avaliação, conclui o panorama completo da crise climática que a humanidade enfrenta. E não é um panorama bonito.

Os primeiros dois relatórios do IPCC nos disseram que a mudança climática está aqui, agora, e está causando uma grande ruptura no mundo natural e no bem-estar humano. Essa publicação nos diz que ainda não estamos fazendo o suficiente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, confirmando as conclusões do Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2021 do PNUMA. 

Nas duas últimas décadas, registramos o maior aumento de emissões da história da humanidade, embora saibamos os problemas que enfrentamos. A próxima década não pode seguir o mesmo padrão se pretendemos manter o aumento da temperatura global em 1,5º Celsius neste século. Meias medidas não reduzirão as emissões pela metade até 2030, que é o que precisamos fazer. Precisamos avançar com tudo.

O IPCC nos diz que temos o conhecimento e a tecnologia necessários para conseguir alcançar isso. Com uma rápida mudança dos combustíveis fósseis para as energias renováveis e combustíveis alternativos. Com a mudança do desmatamento para a restauração. Com o retorno da natureza para nossas às nossas paisagens, oceanos e cidades. Com a transformação das nossas cidades em espaços limpos e ecológicos. E com a mudança de comportamento para abordar o lado das demandas dessa equação.

Tal oportunidade surgiu quando os países lançaram pacotes de estímulo para ajudar a impulsionar as economias, enquanto enfrentávamos a pandemia da COVID-19. Mas no que se refere aos “indicadores verdes”, nós falhamos — em alto e bom som. Mais uma vez, estamos diante de uma oportunidade enquanto países que procuram fontes alternativas de energia. Necessidades imediatas precisam ser atendidas, para que casas sejam aquecidas e luzes se mantenham acesas. Mas ao repensarmos nossos fornecedores de hidrocarbonetos e nossa dependência de combustíveis fósseis, a solução deverá ser o início da transição para fontes de energia renováveis e mais limpas.

A próxima COP sobre o clima deve trazer promessas mais ambiciosas quanto ao clima e estratégias de longo prazo para 2050 para ajudar a conduzir tais mudanças. Mas o aumento da ação deve começar este ano, não no próximo. Este mês, não no próximo. Hoje, não amanhã. Caso contrário, nós continuaremos, como colocou o Secretário-Geral das Nações Unidas, a caminhar sonâmbulos em direção a uma catástrofe climática.