03 Sep 2019 Reportagem Climate Action

Greta Thunberg na vanguarda da Cúpula da Ação Climática da ONU

Estamos na contagem regressiva para Cúpula da Ação Climática de 2019, em Nova York, no dia 23 de setembro.

Os impactos das mudanças do clima definem o nosso tempo e esse é o momento de fazer algo a respeito. Um esforço sem precedentes de todos os setores da sociedade será necessário.

Uma pessoa que está à altura do desafio é Greta Thunberg, de 16 anos. Quando partiu de Plymouth, no Reino Unido, para Nova York em um veleiro movido a energia solar, a ativista foi ao mesmo tempo criticada e elogiada por suas ações.

Será que viajar atravessando o Oceano Atlântico dessa forma seria uma opção realista para a grande maioria? Sem chuveiro, sem banheiro, sem instalações para cozinhar ou camas adequadas a bordo, a decisão de Thunberg chamou a atenção principalmente quando comparada às luxuosas viagens de avião que fazemos.

Pedimos a Rob de Jong, Chefe da Unidade de Mobilidade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que partilhasse as suas ideias sobre a sua viagem.

O que achou da decisão de Thunberg de navegar até os Estados Unidos ao invés de ir de avião?

Greta ficou conhecida por seus incansáveis esforços para sensibilizar a sociedade por meio do movimento Sexta-Feira para o Futuro. Quando começou seus protestos pela emergência climática em frente ao parlamento sueco, em Agosto de 2018, estava sozinha. Hoje, estudantes de todo o mundo seguiram seu exemplo, com pelo menos 802 greves realizadas em 101 países. Viajar em um barco à vela é uma demonstração dos valores de Thunberg, que pretende viver uma vida neutra, sem emissão de carbono, defendendo mais ações que palavras quando se trata de reduzir as emissões. A viagem é muito perigosa, tendo em vista que é época de furacões no Oceano Atlântico. Foi uma decisão muito corajosa. Ela viajou junto com o pai, o cineasta Nathan Grossman e dois tripulantes da Malizia II. O veleiro de 18 metros está equipado com painéis solares no convés e hidro-geradores na popa do barco. Com essas instalações, é gerada eletricidade suficiente para operar todos os sistemas - incluindo os instrumentos de navegação.

Que mensagens podemos tirar com essa decisão de Thunberg? 

A atitude de Greta evidencia que a aviação é responsável por grande parte das emissões globais de carbono e mostra urgência em tomarmos atitudes sobre o assunto. São necessárias medidas a curto e a longo prazo para diminuir a emissão de carbono da aviação. Antes de olharmos para a aviação em si, deveríamos olhar para todo o sistema - para melhorar a eficiência e os recursos dos alimentos, ônibus, caminhões, utilização de plástico, etc. Há muitas vitórias rápidas a serem feitas nessas áreas. Devemos substituir os voos de curta distância por outros modos de transporte mais sustentáveis, como em viagens de comboio, pegar caronas e melhorar simultaneamente as infra-estruturas ferroviárias reduzindo as emissões. Em segundo lugar, precisamos incentivar a inovação e a aplicação de novas tecnologias, como a introdução de aviões híbridos e eléctricos para voos de curta distância. Em terceiro lugar, voos intercontinentais devem adotar soluções mais sustentáveis, como por exemplo, utilização de biocombustíveis neutro de carbono. Embora a principal luta contra a situação tenha sido a disponibilidade e os custos destes combustíveis, pode e deve ser feito mais para mudar do querosene para biocombustíveis sustentáveis. Por último, temos de reconhecer o impacto climático da indústria da aviação. Isso tem que refletir no preço, como já acontece em outros meios de transporte, para que o custo das emissões e os impostos relevantes sejam incluídos no custo dos voos.

Quão realista é o transporte com baixo/zero carbono?

Os navios petroleiros são os grandes emissores de carbono no oceano. Por vezes, transportam pequenas quantidades de combustíveis limpos que utilizam quando se aproximam de cidades costeiras para reduzir a poluição nessas zonas específicas. Uma grande parte, cerca de um quarto das suas emissões, está relacionada com as operações portuárias, incluindo a carga e o transporte de e para os portos. Há muito o que melhorar nessa área. Em alto mar, os navios queimam combustíveis baratos e poluentes. A Organização Marítima Internacional (OMI) ressaltou a importância do uso de combustíveis mais limpos. Isso terá um impacto enorme.

O transporte de baixo/zero carbono é uma opção viável para os passageiros no futuro?

Como na aviação, em viagens curtas, a tecnologia híbrida e elétrica pode ser uma solução. As with aviation, for short trips like ferries and so, hybrid and electric technology could be a solution. Isso inclui transporte terrestre. Para viagens mais longas, combustíveis limpos e neutros em carbono são uma opção sustentável.